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Artificial Coexistence

ARTIFICIAL COEXISTENCE_2019
A noção que prevalece sobre natureza, ecossistemas e o aspeto que devem revelar ainda permanece presa num ideal romancista, isto significa, a natureza no seu caráter imaculado, sem intervenção do Homem, nobre.
É uma estética utópica, controlada, de aparência natural mas que na verdade não é. A natureza não deve ser idílica, estamos a submetê-la à estética da natureza que provém de um ideal europeu, domesticado.
Existe uma tensão entre a natureza e os humanos, principalmente nos espaços de ambiente controlado criados para observação e conservação de diferentes espécies, locais como museus de história natural e estufas de jardins botânicos, onde os seus dioramas e coleções passam por processos de curadoria que reforçam uma fantasia e uma função sobretudo expositiva. A climatização das estufas que asseguraram a manutenção de plantas exóticas importadas tornam o artifício mais evidente, no entanto a inovação tecnológica introduzida numa paisagem, por exemplo, uma turbina eólica numa montanha causa o maior choque porque há algo reconfortante em lugares que nunca mudam.
A instalação Artificial Coexistence consiste num ecossistema completamente artificial, excepto os seres vivos que coabitam, a cor atípica para a recriação de um habitat e os restantes elementos que constituem o ecossistema criam uma sensação de incoerência que incentiva à observação da atividade e mecanismos de adaptação adotados pelas formigas, paralelamente realça o estatuto de espectador perante o artifício com a separação evidenciada pela vitrina.  

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